segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

OBRIGADO!







Com a sorte de estar andando lado a lado, rumando à frente, se desenharam seis encontros que possibilitaram que esses escritos existissem. Seis cidades, muitas pessoas (sobretudo essas pessoas) permitiram existir a possibilidade da potência do encontro. Falei aqui basicamente sobre relacionar-se e sobre estar junto e sobre continuar. Essa palavra, aqui posta, é uma ode/mantra que todos os artistas que conheci no caminho,  desejam, conhecem  novamente e praticam. Esse espaço, além de legitimar a dança feita no sul do Brasil, abre pontes, caminhos, estradas e entradas para que se possa, com reflexão, olhar, deixar ser olhado e transmutar. Trocas de experiências relacionadas à dança e gestos de afeto (que a desCompanhia tem tem e tem), ser curioso pelo outro e   acreditar na dança, foram necessários antes do texto existir para que o texto existisse.
Uso esse texto final para agradecer a coincidência de sermos, agora e no hoje, contemporâneos. Pelo convite desafiador e estimulante de escrever sobre coisas que continuam e pelas infinitas aberturas de possibilidade.
Viva os encontros!
Viva o nosso tempo!
E calor nos nossos corações. Porque coração, todos temos!







INSISTIR NA PERMANÊNCIA




Depois de passar por cinco cidades da região sul, dia 10 de Dezembro, na UDESC, aconteceu a última mesa de debate sobre sustentabilidade em dança da Circulação da desCompanhia.
Ao longo das viagens foi possível acompanhar um contexto absolutamente rico e com pontos de convergências e diferenças entre cada espaço.

Florianópolis não tem uma formação formal em dança e os festivais competitivos tem muita força dentro da cidade. Esse contexto, claro, desenha e carrega algumas questões definitivas: continuidade, manutenção, pensamento e audiência para fruir dança.

As iniciativas da prática da dança surgem em espaços privados, nutridos da coragem de se mover de artistas independentes da cidade.
As aulas, como em todas as cidades visitadas, são a principal fonte de renda dos bailarinos, estar somente na cena, não garante sustento. Como essa é uma alternativa direta, algumas vezes, a docência não é praticada com intereza.

A falta de meios de sobrevivência dentro de Florianópolis acarreta numa evasão de profissionais para outras cidades do Brasil ou do mundo, o que complexifica ainda mais as relações de mudança de contexto dentro da cidade, já que o movimento de transformação surge de uma insistência, da ginástica de permanecer.


Se por um lado ouve-se “a dança em SC é a mais frágil da Região Sul”, pode-se sentir estando lado-a-lado dos artistas que estiveram no bate-papo, um tipo de interação afetiva entre eles, um acompanhamento, mesmo na diferença. Alí, naquela roda, aconteceu um encontro de verdade. E isso, enche os olhos de esperança e surge, afetuosamente, um levante, mais um encontro, muitas articulações e novas possibilidades.  Em tempos de viver só, viver junto é a grande transgressão.