segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Cidade da Dança?


“Seria mais fácil fazer dança em Joinville, se Joinville não fosse a cidade da dança”, diz Deivison Garcia, artista da dança. Com esta frase-sintoma, abro o texto.

Máximas como “as pessoas vivem de dar aulas, muito mais que de dançar”,  “o financiamento público não dá conta da demanda em dança”, “ganhamos dinheiro com profissões paralelas à dança”,  se tornaram frases recorrentes nos textos que escrevo sobre Sustentabilidade e Manutenção em dança. Em Joinville não foi diferente.

A cidade da dança passa por infindas dificuldades para dançar. Vivendo sob o espectro do Festival de Dança de Joinville e a Escola de Dança do Bolshoi,  sobram poucas alternativas para a sustentação da dança na cidade.

O Festival e a Escola do Bolshoi se tornam sinônimo e modelo de dança na cidade, vale ressaltar que: por outro lado, essas duas inciativas despoletaram a profissionalização da dança em Joinville. Fatos concretos  (para o bem e para o mal) que pedem relações/reações concretas.

Como o Festival de Joinville tem como premissa a competição, a cidade, no geral, vive a dança sobre essa perspectiva, o que confere também uma falta de continuidade no trabalho: dança-se para o Festival. Passar o ano todo preparando uma coreografia, reduz a estatística de montagens de espetáculos de dança e dá um formato específico para a produção local: competição (Festival de Dança), danças regionais e o Bolshoi formam um mosaico/modelo onde a pesquisa em dança, ou a criação de trabalhos autorais, têm dificuldades reais de penetração.

O financiamento público entra no jogo sob essa mesma perspectiva: apoio às ações ligadas ou relacionas à estruturas como  a Escola de Dança do Bolshoi e o Festival de Joinville e descaso para outras manifestações em dança na cidade.

Os contextos vividos nas cidades que a Circulação Sul passa, ilumina novos caminhos. Os nossos e os dos visitados.

Resistência é a ação. Joinville precisa resistir. E dançar. Mais.



Nenhum comentário:

Postar um comentário