quarta-feira, 5 de novembro de 2014

PORTO ALEGRE: TUDO LIGADO!


Um Porto Alegre.  Para falar sobre a Mesa de Debate em POA, antes,  falo sobre tudo o que foi possível na cidade:

O Estúdio 209 na Usina do Gasômetro, nossa casa:
Duas apresentações especiais de Sobre Sujeitos, Objetos e Afetos; Coletivo Joker, com seu Cidade da Goma; Input ao entardecer; a participação na 12a Mostra Movimento e Palavra, com uma conversa mediada  por Luciana Paludo; oficina de dança contemporânea com Cintia Napoli, tudo em movimento.
Todas essas experiências, sobretudo as de dançar Sobre Sujeitos..., Input e Cidade da Goma foram altamente alteradas pelo espaço. Tendo que adaptar-se ao estúdio 209, as peças que eram apresentadas originalmente em caixas pretas, teatros; ganharam uma ressignificação: estúdio branco, comprido e, de presente, uma vista para o Rio Guaíba. Outras possibilidades e muitos ajustes, os trabalhos resistiram e apontaram para novas direções, já que a fisicalidade e a corporalidade estavam ali, acontecendo em tempo real. Tudo a favor. Foi uma experiência que abalizou a experiência.

Outros formatos também surgiram na Mesa de Debate: pela primeira vez, a conversa foi articulada em uma roda. Uma grande roda. Os artistas da dança estavam presentes e querendo trocar.
Juntaram-se à desCompanhia, os articuladores Airton Tomazzoni  (RS), Elke Siedler (SC) e Cintia Napoli (PR), que se presentificam nas capitais do Sul.




Todos ali, na roda, eram convidados. Frases pipocaram no meu caderno de anotações, aspas; começo com uma dita pela Iandra Cattani, do Joker: Vivemos de editais, crowdfunding, de muitas aulas dadas e de AMOR, muito amor!

O grupo viabilizou sua Cidade da Goma, através de crowdfunding, financiamento coletivo que possibilita que a audiência faça o trabalho de uma artista acontecer por meio de doações. Uma possibilidade que, na contra mão da politica de editais, aponta novos caminhos para a realização de trabalhos. Uma modo de sustentabilidade real, que acontece em relação. Um novo pilar, que resignifica novos  contatos com o espectador, desde a planta do projeto até sua concretização.

De um modo geral, os trabalhos dos grupos são sustentados pelos trabalhos individuais  de cada indivíduo que forma o grupo. Aulas, trabalhos paralelos (na arte ou não),  formas de  emergir sustento para continuar no coletivo. Algo como: Para estar junto, também é preciso estar sozinho.

Naquela roda que aconteceu no dia Dois de Novembro de Dois Mil e Quatorze, a diversidade ditava o fluxo. Grupos de mais de vinte anos de atuação (como Terpsi, representado ali por Carlota Albuquerque), com grupos recém chegados no cenário de Porto Alegre (Coletivo Moebius,  na fala de  Luíza Fischer). O primeiro, em uma trajetória que passou por diversos patrocinadores, o segundo: criando peças com dinheiro próprio e, depois, se pagando com a bilheteria. Muitas possibilidades na diferença. Em comum, entre idades e modalidades: Muito trabalho de escritório.

Resistimos porque aprendemos a sofrer!, diz Carlota Albuquerque, depois de falar dos desenhos que sua Cia. fez nos quase trinta anos de existência. Como disse um filósofo: A dor faz parte da perfeição da vida. E a continuidade é a resistência de continuar vivo.

A luta por territórios na dança, na cidade e a busca por outros modos de sobrevivência desvinculados à editais públicos, estiveram sempre em questão: vendas de espetáculos, reserva de dinheiro dessas vendas para possibilitar novas criações, economia criativa, crowdfunding, parcerias, bilheteria, relações, ligações,...,...são alguns modos de operação dos artistas gestores do Rio Grande do Sul.

A necessidade dos artistas pensarem seus meios a médio e longo prazo e a certeza que a demanda de grupos e de suas criações não serão abarcadas globalmente pelo poder público, chama novas descobertas, formatos, possibilidades...E cada um, ao seu modo, experimenta alternativas.  Já que: citando Cintia Napoli, que citou Tuca Pinheiro: Os problemas são atuais e as soluções são antigas. A hora é de agir, o futuro é agora, estratégias inovadoras gritam para serem criadas e POA está em estado de vibração. Ainda bem.





Um comentário:

  1. Voltei de POA com a cabeça fervilhando de ideias. Ideias que foram generosamente colocadas na roda. O que aconteceu naquele dia foi um verdadeiro encontro, uma conjunção de artistas para um fim comum. Foi lindo demais!
    Não posso deixar de agradecer a você Fernando. Daquele momento ficam as ideias, o movimento, a generosidade. E está tudo aqui nesse registro, como uma bela fotografia que nos traz o instante de volta. Obrigada Fer, obrigada aos amigos de POA.

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