Em Curitiba, choveu, no dia 18 de Setembro de 2014. Fiz um percurso a pé da minha casa até a Casa Hoffmann, ginasticando aberturas e escutas.
Ao meu encontro, muitos amigos com desejo de pensar a dança no Paraná e suas lógicas singulares, suas articulações, jeitos de ser, todos os movimentos.
PRIMEIRA (RE)DESCOBERTA:
Ali tudo eram pistas, tentativas de encaixes, respostas abertas, buscas, perguntas, especulações, exposições...ali tudo estava aberto e sinalizava. Sem certezas, só ensaio...
No meio desse mar (ou chuva?) de incertezas, uma resposta: definitiva, certeira, concreta: é preciso ir de encontro ao ENCONTRO.
SEGUNDA (RE) DESCOBERTA:
É preciso (se) misturar. É preciso que os agentes da dança se aproximem (independentemente de que modalidade se dance ). É preciso descentralizar.
É preciso agir em conjunto.
Aqui, vale um Caetano, né?
É PRECISO ESTAR ATENTO E FORTE!
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ECO 1:
Antes de dar 20h (horário da Mesa em Curitiba), enquanto eu sublinhava palavras com caneta marca texto rosa, misturado à audiência, ouvi rastros de memória de como se formou uma parceria entre artistas...
...foi em 2010? 2011?
...você estava em outra cidade e eu em outra
...é! acho que foi em 2010!
...mandávamos danças em vídeo uma para outra
...
correspondências. Memória Viva! E aqui, vale uma citação do Saramago:
“Somos a memória que temos e a responsabilidade que assumimos. Sem memória não existimos, sem responsabilidade talvez não mereçamos existir.”
ECO 2:
Sobre a presença do Black (Afro Pop/ Ginga Total)
A pergunta que o bailarino fez, um dia, para a comunidade que trabalha; emprestada aqui por todos nós:
QUAL O SONHO DE CADA UM?
E uma certeza (dita no Parolin), emprestada para nós (novamente)
A DANÇA NÃO É UMA PONTE
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É UMA ESTRADA!
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E, aqui lanço uma pergunta, perguntada por Rafael Camargo (autor e diretor teatral), em outros tempos: QUAL É A TUA - MINHA ESTRADA?
...
Como se aproximar do trabalho do Ginga Total? Perguntaram-lhe. E a resposta:
Paquerando. Namorando e, depois, casando.
Uma pista para iniciar encontros e encontrar.
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Lembro de uma amiga (Guida!) que, uma vez, me disse: um encontro só acontece no meio do caminho, quando um e o outro se movem para se encontrar.
ECO 3:
Elke Siedler se apresenta:
DANÇO
COREOGRAFO
E...
ESCREVO PROJETOS.
Mais uma pista...
95% dos presentes vive de editais públicos.
As escrituras neles são tão determinantes para se dançar, quanto a dança. A continuidade do trabalho (quando acontece) se dá (na maioria dos casos) viabilizada por outros empregos.
ECO 4:
Constatação I:
A dança precisa buscar, cada vez mais, pontos de contato com a recepção do público.
ECO 5:
Constatação II:
Construção de Redes: única maneira de sobrevivência no mundo contemporâneo.
A mesa em Curitiba foi composta pelos articuladores: Cintia Napoli (PR) Airton Tomazzoni (RS) e Elke Siedler (SC) e pelos artistas Rosemeri Rocha (Núcleo UM), Simone Bonisch (Balé Teatro Guaira), Renata Roel (artista parceria de Bruna Spoladore), Yiuki Doi (desCompanhia de Dança) e Adilto José de Paulo (grupo Ginga Total). Mediação: Juliana Adur (PR) .
+ e contou com a participação de um público especial: artistas da dança queridos de Curitiba!
E eu reafirmo, porque presenciei, que a rima da arte se faz corpo quando nos encontramos. Os diferentes se encontram nas similaridades e aí dançamos juntos sem sermos iguais.
ResponderExcluirQue esses ecos e (re)descobertas continuem nos alimentando e instigando, sempre.
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